imagens

as imagens mostradas aqui são cacos colhidos, na sua grande maioria, de sites da internet. existem cacos colhidos ao acaso, que posso ter deixado de mencionar onde os colhi, tal minha ignorância ou encantamento. desculpem por isso. algumas imagens são minhas, do meu imenso baú de memórias...







terça-feira, 29 de dezembro de 2009

gota d'agua




Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota dágua

Chico buarque

domingo, 27 de dezembro de 2009

Palavras



“Todas as palavras tomadas literalmente são falsas. A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. A atenção flutua: toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada. Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano do óbvio!”
Rubem Alves

sábado, 26 de dezembro de 2009




Apago todas as mensagens. Menos as tuas. Guardo a tua voz em pequenas doses e, dia sim dia não, ouço-as todas de seguida. Sinto-me demasiado incapaz para falar contigo o que quer que seja. Não sei onde estás. Não quero saber. Tenho medo de saber mais do que sei.

Uma dor de cada vez basta.

Pedro Paixão.



Queria muito chorar,
deveras estou chorando,
às vésperas do nascimento do Senhor,
eu que estremeço recém-nascidos.
Estou achando o mundo triste,
querendo pai e mãe, eu também.
Corália disse: você é tão criativa!
E sou mesmo, poderia inventar agora um sofrimento tão insuportável que murcharia tudo à minha volta. Mas não quero. E ainda que quisesse, por destino, não posso. Este musgo entre as pedras não consente, é muito verde. E esta areia. São bonitos demais!

Adélia Prado

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009


O amor prefere a luz das velas.
Talvez seja isso, tudo que desejamos
de uma pessoa amada: Que ela seja
luz suave que nos ajude
a suportar o terror da noite.
Sob a luz do amor que ilumina
modesta e pacientemente,
o escuro já não assusta tanto.

Rubem Alves

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

domingo




Manhãs de domingo...
voce trazia, nas manhãs de domingo,
a minha vida colorida,
a minha vida feliz,
a minha alegria em suas mãos.
E era doído e bom
esperar pelas manhãs de domingos.

Perdi você,
perdi as manhãs de domingo...

Quando a saudade aperta, encosto o ouvido no tempo e
ouço seus passos, sinto seu cheiro,
quase sinto sua presença que era tão minha...

minhas manhãs de domingo são feitas de saudade
e de esperança.
tina santos

domingo, 13 de dezembro de 2009

O meu mundo tem estado à tua espera



...


Se ouço falar de ti, comove-me o teu nome

(mas nem pensar em suspirá-lo ao teu ouvido);

se me dizem que vens, o corpo é uma fogueira –

estalam-me brasas no peito, desvairadas, e respiro

com a violência de um incêndio; mas parto

antes de saber como seria. Não me perguntes



porque se mata o sol na lâmina dos dias

e o meu mundo continua à tua espera:

houve sempre coisas de esguelha nas paisagens

e amores imperfeitos – Deus tem as mãos grandes”.


Maria do Rosário Pedrosa

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009



...diz-me o que de mim amaste noutros corpos,
noutras camas, noutra pele.
Prometo que não choro mas repete
as palavras um dia minhas, que sem querer
misturaste às tuas e levaste (...)
e largaste na primeira madrugada
em que me esqueceste.

Adap. Alice Vieira

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ternura quase impossível





Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta

E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços


Alexandre O´Neill

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

cartas de amor


As cartas de amor deveriam ser fechadas com a língua.
Beijadas antes de ser enviadas.
Sopradas, respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope, a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a coisa isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza, a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma o machucado.
As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.


Carpinejar (Como no Céu)

sábado, 5 de dezembro de 2009


imagem de Margareth Mee



"Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo. Gênero não me pega mais. Além do mais, a vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora. Entender é sempre limitado. As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Porque no fundo a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro."

(Clarice Lispector)

Onde é que eu estava com a cabeça de acreditar em contos de fada,
de achar que a gente muda o que sente
e que bastaria apertar um botão
que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória,
sem sequelas, sem registro de ocorrência?
Eu não amei.
Eu tenho certeza que não.
Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
Não era amor, era uma sorte.
Não era amor, era uma travessura.
Não era amor, era de tarde.
Não era amor, era inverno.
Não era amor, era sem medo.
Não era amor, era melhor..."

Martha Medeiros

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009