imagens

as imagens mostradas aqui são cacos colhidos, na sua grande maioria, de sites da internet. existem cacos colhidos ao acaso, que posso ter deixado de mencionar onde os colhi, tal minha ignorância ou encantamento. desculpem por isso. algumas imagens são minhas, do meu imenso baú de memórias...







segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Vitral


“A vida se retrata no tempo
formando um vitral,
de desenho sempre incompleto,
de cores variadas,
brilhantes, quando passa o sol.
Pedradas ao acaso
acontece de partir pedaços
ficando buracos,
irreversíveis.
Os cacos se perdem
por aí.
Às vezes eu encontro
cacos de vida
que foram meus,
que foram vivos.
Examino-os atentamente tentando lembrar
de que resto faziam parte.
Já achei caco pequeno e amarelinho
que ressuscitou
de mentira, um velho amigo.
Achei outro pontudo e azul, que trouxe em nuvens
um beijo antigo.
Houve um caco vermelho
que muito me fez chorar,
sem que eu lembrasse
de onde me pertencera.“


Maria Antônia de Oliveira

sábado, 26 de setembro de 2009


Do tempo que me devora
me nasce a fome de ser.
Minha força vem da frágil
flor ferida que se entreabre
resgatada pelo orvalho
da vida que já vivi.


Thiago de Melo

quarta-feira, 23 de setembro de 2009


Toda poesia é uma despedida.
Você disse adeus e deixou em mim um vazio descomunal.
Desde então, encobri minha dor com um manto azul: um amor e uma mágoa.
Eu lavei meu rosto com palavras triste quando acenou-me tchau.
De vez em quando, todos os olhos se voltam contra meus passos distraídos.
No fundo, a espera que eu seja algo maior que eu sou. (...)
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

...é primavera, te amo!


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.
Cecília Meireles

sábado, 19 de setembro de 2009

Os ipês estão floridos


'eu até já tentei ser diferente,
por medo de doer, mas não tem jeito:
só consigo ser igual a mim'



Ana Jácomo


“Um domingo de tarde sozinha em casa dobrei-me em dois para a frente - como em dores de parto - e vi que a menina em mim estava morrendo. Nunca esquecerei esse domingo. Para cicatrizar levou dias. E eis-me aqui. Dura, silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim.”

clarice lispector

quinta-feira, 17 de setembro de 2009


Saudade
Via você na janela na distância,
na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.
Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
...
Que saudade...

Mário Quintana

quarta-feira, 16 de setembro de 2009



Não desças os degraus do sonho

Para não despertar os ponteiros

Não subas aos sótãos — onde

os deuses, por trás das suas máscaras

Ocultam o próprio enigma.

Não desças, não subas, fica.

O mistério está é na tua vida!

E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana

(Um presente da Fabíola, amiga presente)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Será que vc ainda pensa....



às vezes te odeio por quase um segundo
depois te amo mais...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Se chovesse você


...
Se você fosse chuva
Eu me deixava molhar de prazer
Dançava na rua pra ter
Minha roupa bem molhada
Minha alma encharcada
Se chovesse você

Eliana Printes

domingo, 6 de setembro de 2009


O Menino que Carregava Água na Peneira
.
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos

Manoel de Barros

sexta-feira, 4 de setembro de 2009